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Mostrando postagens de 2018

Falando sobre aeroportos

Olá galera! Apareci, e com muitas novidades, que vou contando aos poucos para vocês :) Já pensaram como é viajar de avião? Simples né, é só fazer chekin, ir pra área de embarque, entrar no portão correto e ir pro avião e ser feliz, sóóó que não! E para uma pessoa cega? Ai, eu sofro, essas desgraças resolvem viajar e nem preparam meu psicológico :( eu não tenho GPS e não sei o caminho. Afinal quem sabe é minha Guiada. E que bagunça é o aeroporto! Cada vez muda o balcão do chekin da companhia, o portão do embarque pode ser qualquer um, ou pegar um ônibus pra chegar lá. E sem contar o lugar de destino talvez seja desconhecido. Para isso, se estiver desacompanhado, a companhia tem que oferecer auxílio para deslocamento até a saída do aeroporto. O problema inicial está em sair do uber, por exemplo, e achar algum funcionário do aeroporto ou companhia desejada. Nessas horas minhas pilotas ou pilotos fazem cara de perdida, sério, as vezes fica muito engraçado!  E pedir ajuda a alguém é importa

Uma mão na roda

Hoje vou falar um pouquinho sobre transporte. Se eu pudesse, voaria com meus guiados só para chegar mais rápido, mas como não dá, só desvio de obstáculos e não deixo cair em buracos quando possível. Geralmente o povo bengalante usa o transporte público, metrô, ônibus, trem. E antes quando necessário e não há para ir a pé ou utilizando os meios de transporte, o taxi. E mais recentemente, esses aplicativos lindos e maravilhosos de transporte como o Uber. Vou falar mais dele, porque é o que tem uma melhor acessibilidade na interface do aplicativo. Só vejo que meus guiados ficam perdidos porque todos os enxergantes adoram perguntar a cor do carro e isso não tem escrito no aplicativo, só aparece o desenho com a cor do carro. Uber, #FicaADica. E como é uma mão na roda esses aplicativos! A autonomia em cidades como as nossas que não presam pela acessibilidade arquitetônica, onde o importante é o carro e pessoas que estão dentro do padrão esperado, ou seja, sem nenhuma limitação. Agora nós, (e

Existe hotel acessível!

Olá! Acharam que eu abandonei vocês? Isso foi culpa da minha pilota, que desde a quinta passada não me deu trégua! Cutuquei tanta gente, desviei ela de tanta coisa, passei por cada aventura, que vou falando aos pouquinhos aqui, mas, vamos começar com coisa boa, certo? Minha pilota como ama viajar, foi para SP no feriado, e, como eu já falei aqui sobre hospedagens, eu vou falar novamente, mas dessa vez com a maior empolgação do mundo! A chegada até o hotel eu conto em outra postagem, o que importa é que eu a guiei até lá, bem linda ;) No início, fiquei super assustada, o hotel era gigante, e, se bem conheço minha pilota com certeza ela iria querer andar por tudo. ainda mais que ouvi ela falando que tinha piscina, bem capaz dessa maluca me atirar na água ainda... Já comecei a pensar o trabalho que iríamos passar naquele lugar, porém, fui surpreendida por um guia humano que gentilmente pegou minha pilota para levá-la até o quarto, e, mais ainda, quando minha pilota me estacionou, e o mesm

Piso tátil ou piso-fila?

Já se perguntaram para que serve aquelas bolinhas ou faixa no chão? As vezes acho que as pessoas pensam que é piso-fila “No terminal de ônibus....”. Ou indicativo de coloque um poste ou uma lixeira aqui. Ou ainda, só para infeite porque é algo coloridinho. Dependendo da cidade é obrigatório, bem como em edificações que as vezes sai do nada    e leva para lugar nenhum. Eu, como uma bengala informativa, venho hoje para falar um pouquinho sobre o piso tátil ou piso guia. Muitos estão errados, ou em lugares errados ou estão no lugar certo e sendo entendidos errados. Não, não se preocupem, não é filosofia. Vamos começar a esclarecer. Eita coisa complicada né. Só que não. Muitos lugares tem aqueles pisos de bolinhas que ficam na beira da calçada. Aquele negócio, um pé na calçada e outro esperando um carro passar por cima. Se tiver um piso tátil de faixa ao lado, pode ter este alerta na beira com postes, mas os obstáculos devem estar devidamente sinalizados ao redor. O que geralmente

Do que você tem medo?

Hoje estou reflexiva, porque apesar de ser de alumínio, carbono, e outros tantos materiais, ainda possuo sentimentos, e aprendi a ler minhas pilotas/pilotos, só pela forma que me conduzem no dia-a-dia Vim para falar de atitudes, e, para não dizerem que defendo minhas pilotas/pilotos, eu vou começar a falar de vocês... Poxa vida, eu gosto tanto de guiá-los, de conhecer caminhos, pessoas, de dar segurança para vocês, de fazer vocês se sentir bem, e, tem pilotas/pilotos que não confiam em mim :( Eu sei, que não é simples, que precisa de um apoio, mas, por favor, me deem uma chance? Deixem ao menos uma vez eu guiá-los, e mostrar o mundo lá fora? Tem tanta coisa legal... Tantas pessoas dispostas a ensinar... Se arrisquem mais, se permitam... Confiem mais em vocês, e não se simtam imcapazes, porque não são, bem pelo contrário... Faça dos nãos que vocês escutam seus sims para tomar coragem e me colocarem em suas vidas, e ter sua independência, autonomia. Vão em busca de seus sonhos, aga

Qual tamanho da sua fome?

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Não sei se já perceberam, mas tem algumas coisas que depende. Depende do referencial, do que considera ser pouco/muito, pequeno/grande, alto/baixo. Efim. Vou falar hoje de quantidade. Até eu tenho tamanhos diferentes, sabiam? Não adianta uma pessoa pequena querer andar com uma bengala de 1,50 m que não vai adiantar. A mesma coisa o inverso. Deixando meus tamanhos de lado, o assunto aqui é restaurantes, cafeterias, lanchonetes e afins, mas apenas um aspecto do atendimento. O tamanho e/ou quantidade de alguma coisa. Cegos e baixa visão de plantão, já aconteceu de ter que perguntar o tamanho ou o quanto vem de algo e falarem que é bastante e era pouco? Ou ainda, falar que é pequeno, mas é enorme? E atendentes, já passaram por uma situação dessas? De ter que explicar o tamanho ou quantidade de algo e pra você é pouco, mas é muito? Pequeno, mas o cliente acha enorme? Vou contar alguns causos pra vocês: Acompanhei uma pessoa que ia almoçar com os amigos e dependendo do tamanho da fome

Relacionamento, descomplique-os

Eu nem sei como começar a escrever isso aqui, talvez dizendo que a pessoa cega namora, faz sexo, casa, tem opções sexuais, trabalha, estuda e etc. Sim! Tem vida. E como tem vida! Trabalho muito! Depois dizendo que sim, cego vai na balada, pega todas, todos, e o que ver pela frente, (daí depende de cada um né) e eu ainda as vezes ajudo até a encontrar. A não ser que fique um segurança não deixando ninguém se aproximar e dizendo “Ela é cega...” Uma vez, uma bengalante quase leva uma garrafada em um bar por estar olhando a mulher alheia! Oh, milagre, a cega olhando a mulher alheia, sim, porque isso, só isso eles veem, será? Será que vou precisar me aposentar? :( E tem aqueles que são super sem vergonhas. Foi olhar as namoradas dos caras nas baladas, e teve que ir embora escoltado por seguranças para que não acontecesse coisas piores com o ser. Quase me deixou lá no meio daquela confusão, dono desnaturado! E quando digo que alguns milagres instantâneos acontecem, e de uma hora para outra m

Foi pra quem?

Já vivenciei várias situações. Algumas engraçadas, outras seriam cómicas se não fossem trágicas. E aquelas que simplesmente acontecem e depois vira mais uma história , daquelas de dar risada. Já vi minha parceira esbarrar e pedir desculpas ao pacote de fraudas no supermercado, cumprimentar um poste e conversar altos papos com manequim pensando que é gente! Esses dias no trabalho, estávamos voltando do almoço e   como circula muitas pessoas, tanto do dia-a-dia ou de fora, tem gente que da oi, bom dia, e por aí vai... As vezes ela acha que é pra si, mas é pra outra pessoa ao lado. Outras, não reconhece a voz ou é alguém diferente. Afinal, as vezes a voz engana, confunde e nem sempre é molesa associar a pessoa a voz. Haja memória pra saber a voz de todo mundo! Ainda mais se o contato não é frequente. Ou então, não percebe porque está no mundo da lua ou concentrada no caminho. Sim. As vezes é preciso lembrar de detalhes do trajeto que pode ser um referencial, mas para os ench

Hospedagens para quem?

Oi gente, tudo bem? Quero escrever hoje sobre um acontecimento que vejo frequentemente, e não sobre histórias Sempre viajo, já perdi quantas vezes ao ano, e me hospedo em hotéis, dos mais variados possíveis, pousadas, 4 estrelas, sem estrelas nenhuma, apenas com escadas, aqueles que só faltam te levar no colo, uns só para dormir, outros parecendo uma casa... Os atendimentos diferenciam no nível do hotel, alguns nem olham para sua cara, outros se pudessem te carregar no colo fariam, mas, uma coisa que não diferencia em hotel/pousada nenhuma, é a acessibilidade, e quando falo isso, inclui acessibilidade atitudinal, e arquitetônica. Toda vez que chego em um hotel, a pergunta que escuto: "mas, você veio sozinha?" Não, eu vim juntamente com alguns fantasmas que você não vê... "Mas como? Porque veio?" Porque eu trabalho, passeio,, e preciso dormir em algum lugar? Ou melhor, porque as pessoas se hospedam mesmo? Aí depois passado o check-in, é aquele medo: "Ond

alguém conhece todo mundo?

Olá leitores e leitoras do blog. Hoje, vamos abordar diversos assuntos por sugestão de um dos leitores que encaminhou um E-mail. Espero que gostem! Situações que todo cego se não passou, algum dia da sua vida vai passar: 1. Quando enxergantes presumem que, por termos uma deficiência, conhecemos todas as pessoas com deficiência do mundo. Sim! Isso acontece muito, eu tenho tantos amigos, porém não conheço a grande maioria, é desde entrar no ônibus e o motorista vir com aquela fala: "senta aí do lado do seu amigo" Aí fico pensando, oi? eu tenho um amigo! Quando na verdade, eu nem conheço o ser humano do meu lado Até alguém te ajudar na rua e falar: "ah, ontem ajudei seu amigo! Era cego" Aí fica a questão, quer dizer então que vocês são todos amigos? Vocês tem amigos assassinos, advogados, médicos, ... sim! Todos enxergam, logo, quem enxerga tem amigos que enxergam, e conhecem todos, faz sentido? Nenhum certo? Logo, não conhecemos todos os cegos do mundo,

Um olhar que ninguém vê

Olá pessoal, tudo bem? Eu sou a bengala, sou a companheira da maioria das pessoas com deficiência visual, sejam eles cegos ou baixa visão. Resolvi vir aqui para falar um pouco do meu trabalho, e falar do que acontece ou do que não é legal fazer comigo ou com meu dono(a)/piloto(a). A título de curiosidade, meu nome é bengala. As vezes meus donos me chamam de algo carinhoso, mas não é: varinha, bastão, coisinha, tectec, pauzinho, muleta (as colegas ficam chateadas ao serem confundidas comigo, mesmo porque a função é diferente!), negocinho e por aí vai... Sou apenas bengala... posso ser inteira, dobrável, de alumínio ou telescópica de carbono. ponteira fixa ou roler, preta, colorida ou ainda verde para a galera baixa visão. Dependendo do piloto(a), ir rápido ou devagar, barulhenta ou sorrateira e silenciosamente. Ir guiando ou só do ladinho acompanhando se já tem um guia humano. Tudo depende da situação, porque mesmo ali acompanhando ao lado, ainda posso ser útil para ver tamanho e qua

O começo de tudo

Sejam todos bem-vindos a este espaço de histórias e estórias. Espaço de trocas e compartilhamentos de momentos. Afinal, quem já não se perguntou: Será que é só comigo? E foi assim, ao compartilhar histórias, sejam elas engraçadas ou não e( se não for, a gente faz ficar) foi que surgiu a ideia da Mi Frasson de escrever um blog contando fatos do cotidiano de um usuário(a) de uma bengala, ou cão guia. Quem quiser relatar um fato, só entrar em contato. Se preferir, manteremos em anônimo a identidade. A partir de agora, vamos bengalar pelo mundo cegal. Abraços.